sábado, 7 de novembro de 2009

Cenas

A uma atriz

Poderia ser uma tarde de setembro ou uma manhã de março. Talvez à beira da Lagoa ou na calçada em Madureira. Eu a acompanho com meus olhos assustados e meus passos desajustados.

Não, ela não me percebe, mesmo que eu não faça esforço em me esconder. Não que ela me esnobe. São caminhos diferentes, são destinos distantes. São duas vidas sem acasos em comum.

Chamam-na atriz, mas prefiro mulher. Vestiu o corpo negro com diversos nomes e pintou a boca com as mais variadas verdades deste tempo e de outrora. Amou, perdeu, ganhou, foi traída e segue.

Eu queria um lugar em sua próxima história, mesmo de figurante. Mas não sei interpretar. Pensei em seguir em frente, mas o filme só faz sentido com ela no papel principal.

Fruta saborosa, desenha-se como a mulher ideal dos meus sonhos de artista. Rabisquei dois ou três versos para tentar me aproximar. O mar, sincero, apagou antes de você passar.

Não se preocupe, caso venha a tropeçar nesta mensagem engarrafada atirada ao léu. Não estarei à espreita na próxima cena, nem escreverei a história de nós dois.

Se me derramo no sublime dos seus olhos é porque seu sorriso caymmiano passeia nas ondas coloridas destas estações indefinidas a qual a cidade sempre arruma um jeito de se acostumar.

Eu nunca sei se é verão ou inverno até a barra do seu vestido balançar simples como o vermelho alaranjado da sinfonia atlântica. Estou a seus pés, não estou no chão.

C.C.J.

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