terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um causo

Ao amigo F.K.

Você sabe que eu sou uma pessoa pacífica, não é? Não gosto de confusão, muito menos de relar a mão em alguém ou em um animal. Só que eu tenho sangue nas veias, pô! Já te disse, meu lema é: dou um boi para não entrar em uma briga, mas dou uma boiada para não sair.

- Eu sei, eu sei...

Então, tendo isso tudo em mente, você vai me dar razão no acontecido. Até porque tem outra, se tem uma coisa que eu odeio é falsidade e aí você mistura isso com aquele bicho nojento querendo dar uma de jão sem braço pra cima de mim... Não, não...


- A situação acaba chegando a um ponto em que você tem que agir, senão...

Pois é, é isso! E foi como eu estava te dizendo. Eu lá, quieto na minha rede, sossegado. Minha família tem uma fazenda lá pro meio do mato e eu gosto de ficar meio escondido, entre as árvores, vendo a vida passar de olhos fechados, entende?

- Acho que sim, haha.

Tanta desgraça acontecendo no mundo, é bala perdida, é acidente de carro, é uma nova epidemia, é político roubando, chefe ameaçando te despedir, salário que não dá pra pagar as contas no fim do mês... Haja calma para terminar o dia vivo.

- Acho que é por isso que o Dalai Lama vive isolado a maior parte do tempo...

É por isso que eu vou para o meu templo particular, monto a rede entre duas mangueiras altas, a sombra é boa, a brisa agradável. E nessa época do ano não costumam cair mangas na cabeça. O problema é no verão mesmo, aí o templo fica interditado.

- Pelo menos se tem suco fresco à toda hora.

Mas eu estava ali, quieto na minha meditação, quando ouço um barulho, como algo se arrastando sobre as folhas no chão, sabe como é? O som foi ficando mais próximo e eu vi que era uma cobra, nem rea muito grande, nem do tipo venenosa.

- A natureza é um perigo.

Que nada, eu já estava acostumado com aquilo. Era só pegar um pedaço de pau qualquer e jogar o bicho pra longe. Só que a maldita da cobra percebeu que eu a percebi e parou. Sabe o que aquela tripa fez? Tentou fingir que não cobra!

- Porra, era uma cobra ou um camaleão!?


Haha, uma mistura... Não, a safada deu uma de dissimulada, querendo me fazer acreditar que ela não estava ali. Isso eu não aguento. Estava prestes a somente afastar ela de mim, mas não, ela tentou se fazer de dissimulada...

- E você?

Bom, puto da vida, fui obrigado a pegar um galho maior que havia ali perto e acertar em cheio a cabeça da filha da puta. Não ia se fazer de dissimulada para mais ninguém aquela cobra maldita. Ser cobra eu aceito, agora dissimulada...

- Um brinde!

C.C.J.

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