sábado, 27 de junho de 2009

Who is bad?

O mundo da Música Popular Brasileira está em choque. De norte a sul do Rio de Janeiro, os bailes funks decretam luto oficial de três noites. O juiz-advogado-desembargador-procurador-justiceiro Siro Darlan retorna aos holofotes da mídia e propõe a criação de uma lei polêmica, que aumenta de um para três dedos a distância entre a bainha das saias e a polpa das bundas funkeiras do Brasil. A primeira a se pronunciar contra a medida foi a da dançarina Lacraia.


Diante do escândalo, astros de primeira grandeza tentam reagir. Mr. Catra, que assim como Roberto Carlos, é chamado de O Rei, o rei da pornografia popular brasileira, emite comunicado por intermédio de sua assessoria de imprensa afirmando que em seus versos brancos não é permitida a entrada de cachorras menores de 18 anos. Por sua vez, Latino, convidado por Serginho Grossman a comentar o caso no Altas Horas, aproveita a oportunidade e o horário para apresentar a certidão de nascimento de Renata, a ingrata, e também um vídeo inédito da festa no apê, no qual, através das imagens, fica evidente a ausência de corpos juvenis no famoso bundalelê.

Mesmo assim, a repercussão do caso nos meios de comunicação é imediata. No Mais Você, Ana Maria Braga recebe convidados indignados para o café da manhã enquanto Louro José, visivelmente preocupado, veste a camisa “Diga não à pedofilia e à zoofilia”. Já Luciana Gimenez alcança altos índices de audiência ao conseguir levar até o palco de seu programa a vizinha desprovida de elegância da casa onde o crime supostamente aconteceu. A mulher dispara milhares de palavrões por segundo diante dos atônitos Inri Cristo e padre Quevedo, também convidados para comentarem a denúncia.

Nas mesas de bar, DJ Marlboro passa a ser chamado de Michael Jackson brasileiro. Apelido maldoso, sem sombra de dúvidas. Apesar de que se o Rei do Pop mundial foi capaz de tamanho desvio moral, porque o Rei do Funk brasileiro teria de se manter imaculado?

A comparação é cruel para quem é, até o momento, apenas suspeito de abusar sexualmente de uma menina de quatro anos. O problema é que há quem tenha orgulho da analogia, que reduz um pouco a distância entre Brasil e Estados Unidos. Temos a nossa Estátua da Liberdade na Barra da Tijuca, temos milhares de Washingtons nas cidades e agora, também, temos o nosso Michael Jackson particular. Braaaaasil, sil, sil!

As autoridades parecem seguir o mesmo caminho e utilizam as mesmas técnicas de investigação empregadas no caso de Michael Jackson. Não ter relacionamentos estáveis e conceder entrevistas se dizendo afeito ao convívio com crianças tornam alguém mais próximo do perfil de um pedófilo? Mera leviandade, essa. Padres não têm namoradas e estão cercados de crianças, mas isso não os deixam propícios à falha de caráter, certo? Como diria Caco Barcellos, nos bastidores da notícia especula-se que o próximo passo da polícia é encontrar o Neverland Ranch do DJ, talvez um baile funk freqüentado apenas pela galerinha. Chatubinha Kids e Castelo das Pedras Só Para Baixinhos, dizem, já estão na mira da investigação. Valha-me Deus!

O problema para o DJ Marlboro é que as coisas no Brasil não funcionam da mesma forma que nos Estados Unidos. O nosso Michael não pode simplesmente providenciar indenizações milionárias para que tudo seja esquecido dentro da legalidade. Caso seja considerado culpado, o músico poderá ir para a prisão. Uma vez atrás das grades, Marlboro terá de colocar toda sua criatividade musical para fora e criar uma nova equipe de som, a Mensalão 2000, especializada em propinas, para que não passe a ser conhecido como o dono da Buracão 2000. Todos sabem que assassinos, seqüestradores e ladrões não toleram estupradores e pedófilos. Afinal, para tudo na vida há um limite, até mesmo para a bandidagem.

Por outro lado, ainda precisamos nos aproximar dos Estados Unidos em outros aspectos. Temos a nossa Estátua da Liberdade, nosso Michael Jackson, mas não nosso Nicolas Marshall, personagem da antiga série de TV Justiça Cega. Infelizmente, existe um rap, de autor desconhecido, chamado Rap da Pena para os Ricos, verdadeiro proibidão para os ouvidos da Justiça brasileira. Neste caso, o problema não é de DJ Marlboro, que, como a profissão já induz, sabe muito bem dançar conforme a música. O problema é das crianças que, coitadas, estão sempre sob o risco de serem deixadas na pista.


* Michael Jackson, gênio e louco, prova de que a genialidade está de mãos dadas com a loucura, descanse em paz.

Bruno Marinho

Um comentário:

  1. Chatubinha kids foi a sacada... hehehe... mutio bom...

    parabéns pelo texto, escreves muito bem...

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