quinta-feira, 2 de julho de 2009

A menina e o Imperador




Entre os caras-cansadas do mundo do futebol é costume dizer que um craque é identificado apenas na forma com que ele pega na bola. Não é preciso ser um cara-cansada e muito menos experiente em craque, maconha ou qualquer outro entorpecente para saber que Maisa, a menina feliz mais triste da televisão brasileira, é um fenômeno.

Nos estádios espalhados pelo país, há quem peça Adriano, Juninho, Magno Alves e Garrincha, entretanto, só existem três unanimidades quando o assunto é idolatria: Pelé, Michael Jackson e, é claro, Maisa. Pedro, torcedor baiano carente de paz, enviou a fotografia acima e disse por MSN: “Sonhei que não tenho o Bahia para torcer, um ACM para eleger e a Maisa para assistir; se não fosse a leseira, eu me jogaria do alto do Elevador Lacerda”. A declaração forte do amigo ilustra bem a dimensão alcançada por Maisa nos dias de hoje. A menina é a maior revelação do meio artístico, algo comparado apenas ao senhor desdentado que ainda não sabe se Adriano está lhe ouvindo. Woooow!

Aos 7 anos, Maisa saiu das peladas com frauda no fraudinha diretamente para os clássicos da Primeira Divisão. Um verdadeiro fenômeno, essa menina, capaz de fazer o que muitos julgam ser impossível. Maisa é daqueles gênios que puxam a peruca do chefe e ainda são muito bem pagos por isso. Penso no que poderia acontecer se algum borra-botas tentasse imitá-la. “Careca pão-duro!”. “Oh, que menino levado, olha a covinha dele, me chamou de sovina, esse capetinha”. Chance zero de isso acontecer. Maisa é um fenômeno, é bem paga e ainda xinga o chefe. Azar do Zé-povinho, que ganha mal e não tem o beneficio de insultar o patrão. Não na frente dele.

Na verdade, o que torna Maisa fortíssima candidata ao prêmio de melhor apresentadora do mundo pela Fifa é a sua incrível capacidade de improvisação. Quando menos se espera, a menina é capaz de tirar a meleca do nariz, a calcinha rendada da bunda; é capaz de deixar produtores e telespectadores, como dizem na gíria, com as calças arriadas. Neste quesito, quem também escreveu seu nome na história dos lances de efeito foi Xuxa. Ainda nas categorias de base da fama, a gaúcha improvisou ao estrelar um filme pornô-chanchada com um menino de 10 anos. Isso sim foi uma jogada genial, capaz de deixar os homens com as calças arriadas, desta vez, literalmente.

Maisa é um fenômeno e a sua biografia já reúne elementos das grandes estrelas internacionais. Sua ascensão meteórica gerou inveja, ira de quem em anos de carreira nunca conseguiu ao menos jogar no Engenhão. Sônia Abrão desperdiçou minutos preciosos de sua existência acusando a menina-prodígio de mal educada e abusada. Inveja! Inveja que contaminou até quem sorriu ao ser chamado de careca. Silvio Santos maltratou a própria estrela, se vingou de uma pobre criança, e provocou nos fãs de Maisa grande preocupação. Será que a maior promessa da televisão desde Chaves se transformará em mais um dependente dos remédios anti-depressivos? Que não aconteça com a menina o mesmo que aconteceu com Macaulay Culkin, que até hoje pergunta aos amigos imaginários “porque esqueceram de mim?”.

Existe grande afinidade entre as histórias de Maisa e Adriano, homem que trocou a miséria da favela pelo milhão de Milão, homem que não se sentiu feliz e, não teve jeito, trouxe o milhão, deixou Milão e voltou para a favela. Talvez Maisa tenha de fazer o mesmo. Talvez, no fim das contas, a menina não quisesse nada sério com essa história de ser apresentadora profissional, quisesse apenas dançar, cantar e brincar ao lado de Raul Gil, homem velho que grita, tira o chapéu e rola no chão. Ao lado dele, não há como levar algo a sério mesmo. Volta, Maisa, precisamos de você. Estive pensando, será que a Maisa tem twitter?

Bruno Marinho

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